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Mini book gratuíto: Polimorfismo na Produção de Medicamentos





PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

Quando há a modificação da estrutura cristalina de um sólido ocorre uma variação nas propriedades físico-químicas, entre elas estão as propriedades elétricas e ópticas, dureza, densidade, ponto de fusão, pressão do vapor, solubilidade e comportamento térmico. Tendo como consequência a alteração de muitas propriedades importantes para o fármaco, dentre eles, pode-se destacar: a velocidade de dissolução que pode ocasionar desvios na biodisponibilidade, a densidade aparente e verdadeira, a morfologia do cristal, a compactação e o escoamento do pó, além da estabilidade química e física.
  • BIODISPONIBILIDADE
A influência do polimorfismo na biodisponibilidade é considerada a mais importante consequência do fenômeno na área farmacêutica e ocorre quando existe uma inter-relação entre a velocidade de dissolução in vivo e a velocidade de absorção. Então, a biodisponibilidade é considerada através da medida da quantidade de medicamento contida em uma formulação farmacêutica que chega à circulação sistêmica e a velocidade na qual ocorre esse processo de absorção.
  •  ESTABILIDADE QUÍMICA
A concentração plasmática máxima e o tempo necessário para obtê-la, são os principais parâmetros que desempenham um importante impacto in vivo. Deste modo, a forma mais estável, aquela que possui menos energia livre, possui menor solubilidade. No qual resulta na maioria dos casos uma menor velocidade de dissolução e, consequentemente menor velocidade de absorção.
O polimorfismo pode ocasionar também alterações na estabilidade química, principalmente para os compostos com predisposição à degradação no estado sólido.
A reatividade do composto químico e sua velocidade de degradação podem ser alteradas porque as distribuições de carga nas moléculas de dois polimorfos não são iguais devido a diferentes conformações e interações intermoleculares.
Além da alteração na distribuição de carga, os sítios de reatividade podem ficar mais ou menos expostos de acordo com arranjo espacial das moléculas na cela unitária.
  •  INFLUÊNCIAS DOS HÁBITOS CRISTALINOS
Nas etapas de desenvolvimento também é importante estudar as possíveis mudanças no hábito cristalino que podem ocorrer devido às transformações polimórficas, para manter a qualidade das matérias-primas utilizadas a garantir a produtibilidade do desempenho das formas farmacêuticas que são produzidas.
A descoberta de diferentes hábitos de um mesmo composto não necessariamente significa que se trata de polimorfismos diferentes, uma vez que o termo polimorfismo se refere as diferenças em relação a estrutura interna do cristal.
Existem diferenças no hábito cristalino, que resultam na interação de inúmeros outros fatores além da estrutura interna, por exemplo, a inibição ou diferentes velocidades de crescimento de determinadas faces do cristal durante a cristalização, o grau de saturação da solução e a temperatura.

TRANSIÇÕES POLIMÓRFICAS
Sabe-se que um fármaco pode coexistir em duas ou mais fases cristalinas e formas polimórficas, porém apenas uma fase cristalina é termodinamicamente estável a uma determinada pressão e temperatura, e as formas instáveis possuem a tendência em se converter à forma mais estável. As formas mais estáveis possuem características como, menor solubilidade, maior ponto de fusão e máxima estabilidade química. Entretanto, a forma metaestável confere estabilidade física e química em condições normais do ambiente. Assim, deve haver cuidado tanto ao realizar o desenvolvimento da formulação de um medicamento quanto as operações unitárias, porque é necessário que a forma cristalina não se altere até o final do prazo de validade.

ASPECTOS REGULATÓRIOS
Com o objetivo de diminuir os riscos à população diante do importante fenômeno de polimorfismo e garantir a qualidade dos medicamentos existem órgãos reguladores para registrar medicamentos inovadores ou genéricos.
A FDA publicou o guia mais completo disponível em 2007, no qual aborda importantes aspectos sobre a qualidade dos medicamentos. O guia discute o fato de não ser necessário o medicamento genérico possuir o mesmo polimorfo, afinal o fármaco possui uma mesma identidade química, entretanto destaca que a empresa tem a responsabilidade de identificar se a biodisponibilidade do medicamento é afetada, deste modo deve controlar a forma cristalina. Além da necessidade de efetuar procedimentos analíticos apropriados para definir as formas cristalinas.
A ANVISA segue princípios parecidos com a FDA, porque ela solicita informações sobre a metodologia analítica na matéria-prima e no produto final que provavelmente será utilizada para poder registrar medicamentos genéricos, inovadores ou similares.

APLICAÇÃO
Formulações sólidas é a mais conveniente, segura e barata, tornando-se a mais comum no âmbito farmacêutico. Porém, sua eficácia terapêutica está diretamente relacionada às características do fármaco no estado sólido. Tanto a estrutura cristalina que é diretamente relacionada ao polimorfismo, quanto o hábito cristalino (morfologia) e o tamanho de partícula, possuem uma importância muito grande na área comercial.
A ampliação dos conhecimentos sobre o polimorfismo e seus compostos constituintes, bem como o mecanismo de atuação destes em organismos vivos, nos permitiu aplicar os conceitos vistos durante o curso para se compreender as potencialidades dessas substancias. Neste sentido, ao realizar testes físico-químicos, todas as suspeitas de não efetividade terapêutica notificadas eram provenientes de medicamentos “similares”, no qual observou-se que não são todos que apresentam bioequivalência e biodisponibilidade relativa, fato que justifica seu menor custo comparado aos medicamentos de “referência” ou “similar”.
A espectroscopia Raman é uma técnica espectroscópica que visa observar a estrutura química dos materiais em várias indústrias, incluindo produtos químicos, produtos farmacêuticos e até alimentos.
Esta técnica tem especificidade química elevada e é usada para diferenciar diversos polimorfos do mesmo composto, por exemplo. Usada em conjunto com análises de imagens estáticas, proporciona uma excelente maneira de se descobrir a identidade química de partículas individualmente dispersas dentro de um fármaco.
Seu funcionamento é baseado no exame da luz dispersada por um material ao incidir com um feixe de luz monocromática. Esta luz permite pequenas trocas de frequência específicas do material que esta sendo analisado. O efeito de Raman consiste em um ponto importantíssimo que é o fenômeno inelástico da dispersão da luz, onde é permitido o estudo de rotações e vibrações moleculares.
A espectroscopia infravermelha consiste na utilização da identificação de substâncias através dos grupos funcionais presentes no material em análise.
Apresenta grandes quantidades de sinais chamados de banda e é característico de uma molécula, porém os grupamentos e ligações apresentam absorções que geram bandas e formato da estrutura da molécula. Desta forma relaciona absorbância, comprimento de onda que indica a ocorrência, ou não de absorção pelo material de energia, associada ao cumprimento de onda é possível identificar grupos funcionais presentes na amostra.
É importante escolher a técnica de medidas adequadas ao tipo de amostra e região da radiação. Diferentes materiais de todos os estados e formas como, gases, líquidos, sólidos, pastas e gel.
Mediante a utilização da técnica de espectroscopia infravermelha, realizou-se teste com amostras disponíveis no mercado de medicamentos de mebendazol apresentam diferentes polimorfos em sua composição, no qual se verificou uma interferência na dissolução, portanto, sua biodisponibilidade também. Nesse caso, foi necessário avaliar as condições experimentais estabelecidas devido ao fato de haver diferenças no desempenho de formulações farmacêuticas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPUCHO, H.C.; MASTROIANNI, P.C.. Farmacovigilância no Brasil: a relação entre polimorfismo de fármacos, efetividade e segurança dos medicamentos. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, 2008.

FROEHLICH, P.E.; GASPAROTTO, F.S.. Mebendazol: identificação das formas polimórficas em diferentes matérias-primas e medicamentos (referência e genéricos) disponíveis no mercado nacional. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, 2006.

LOBO, A.O.; MARTIN, A.A.; ANTUNES, E.F.; TRAVA-AIROLDI, V.J.; CORAT, E.J.. Caracterização de materiais carbonosos por espectroscopia Raman. Revista Brasileira de Aplicações de Vácuo, 2005.

SOUZA, Jorcen Simon de; FERRÃO, Marco Flôres.. Aplicações da espectroscopia no infravermelho no controle de qualidade de medicamentos contendo diclofenaco de potássio. Parte I: Dosagem por regressão multivariada. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 2006.

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