ABUNDÂNCIA,
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E EXPOSIÇÃO HUMANA
O
maior motivo de exposição com os HPAs se dá pela contaminação
através do solo, ar, plantas, água e alimentos. Referente a suas
propriedades físico-químicas, observa-se que com o aumento dos
anéis aromáticos da molécula, há uma maior afinidade lipofílica,
ocasionando uma fácil absorção através da ingestão, inalação e
pele, no qual esta última é bastante importante quando se relaciona
as atividades industriais, podendo ser responsável por até 90% dos
casos de intoxicação. Nos alimentos, os HPAs podem ser obtidos
através do cozimento de certos alimentos ou pela deposição direta
dos mesmos nos grãos, vegetais e frutas.
A
forma que os HPAs são encontrados na atmosfera é influenciada pelo
peso molecular e sua volatilidade, podendo estar na fase gasosa ou
adsorvida no material particulado. Assim, sua concentração depende
da afinidade das partículas atmosférias pela superfície. Em
relação a fase gasosa, a distribuição e metabolização do
composto são rápidas (exemplo: o BaP é eliminado em 1 hora), neste
caso, a bioacumulação não é observada. Porém os compostos
associados a partículas do ar, sua eliminação é bem mais lenta,
podendo levar semanas.
GENOTOXICIDADE
E METABOLISMO DOS HPAS E SEUS DERIVADOS
O
primeiro indício de carcinogenicidade química proveniente dos
produtos de combustão orgânica foi em limpadores de chaminés. Anos
depois, comprovou-se através das amostras que era devido a presença
de benzo[a]pireno (BaP) em conjunto a presença de outros membros da
família dos HPAs e de alguns de seus derivados. Estudos posteriores
conduziram à identificação de vários processos industriais e
misturas complexas com potencial mutagênico e/ou carcinogênico.
A
biotransformação dos HPAs envolve uma série de enzimas que
catalisam reações de oxidação, redução e hidrólise, que
catalisam reações de conjugação, distribuídas em todos os
tecidos orgânicos. Monoxigenases dependentes do citocromo P450
(CYP1A) são responsáveis pela oxidação enzimática dos HPAs. Em
relação aos fenóis, alguns são oxidados a quinonas e outros podem
sofrer nova epoxidação formando epóxidos secundários
(dihidrodiolepóxidos), esses são altamente instáveis e, quando não
reagem rapidamente, são hidrolizados a tetróis, pode ser utilizada
como bioindicador da formação de diolepóxidos. Os NHPAs são,
comprovadamente, agentes mutagênicos para Salmonella
typhimurium
(teste de Ames), para bactérias e células eucarióticas (células
de ovário de hamsters, células epiteliais de ratos -RL4), podem
provocar mutações sem sofrerem ativação metabólica. Os
dinitroderivados são mais potentes que o mononitro, estudos têm
atribuído aos NHPAs cerca de 50% da mutagenicidade observada em
material particulado coletado em residências urbanas.
REATIVIDADE
COM MACROMOLÉCULAS BIOLÓGICAS
MONITORAMENTO
BIOLÓGICO DA EXPOSIÇÃO A HPAS E A SEUS DERIVADOS NITRADOS
O
monitoramento dos HPAs é realizado a partir da avaliação dos
mesmos, seja a partir de seus metabólitos em fluídos biológico ou
por efeitos bioquímicos resultante de sua presença. Dentre as
análises realizadas há as técnicas cromatográficas a partir de
cromatografia à líquido de alta eficiência (CLAE) com detecção
fluorimétrica, e cromatografia à gás de alta resolução acoplada
à espectrometria de massa. Essas, utilizadas para determinação
urinária com base em metabólitos como o 1-hidroxipireno e os
fenantrenos hidroxilados.
Sabendo-se
que os HPAs e seus metabólitos emitem fluorescência devido a sua
estrutura eletrônica, algumas técnicas, a partir da avaliação da
diferença de energia entre o estado fundamental e o excitado, podem
ser realizadas tirando proveito dessa característica, tais como: a
espectroscopia de fluorescência sincronizada para determinação de
adutos de HPA com macromoléculas; a espectroscopia de fluorescência
com Efeito Shpol’ski na determinação de HPAs em diversas amostras
ambientais e biológicas; e a espectroscopia de fluorescência com
varredura rápida, para caracterização de adutos de
dibenzo[a,l]pireno e DNA produzidos in vitro em microssomas de
fígado.
-
Imunoensaio
-
Tioéteres urinários
DETERMINAÇÃO
DE ADUTOS COM DNA E OUTRAS MACROMOLÉCULAS
Substâncias
eletrofílicas são capazes de reagir com sítios nucleofílicos de
macromoléculas biológicas formando adutos com o DNA, sendo uma
etapa crítica na carcinogênese química. A determinação destes
compostos pode servir como bioindicador precoce para o câncer.
A pós
marcação com 32P53,56 é utilizado para quantificar os adutos de
DNA, com este tipo de ensaio pode-se determinar o total de adutos
formados pelos diferentes HPAs ou derivados.. Os produtos resultantes
da reação podem ser separados por CLAE. A vantagem é que a técnica
não é específica para um dado tipo de aduto, o que possibilita
determinações múltiplas, mas a problemática é a identificação
daqueles que são desconhecidos, devido a baixa sensibilidade da
espectrometria de massa.
A atenção tem sido dada ao
estudo dos adutos formados nas reações entre os agentes
carcinogênicos e proteínas, como indicadores dos níveis reações
com o DNA. Acredita-se que os intermediários eletrofílicos que
reagem com os sítios nucleofílicos do DNA também reagirão com
grupos nucleofílicos de outras macromoléculas (como a hemoglobina e
a albumina). As reações de formação de adutos com proteínas são
úteis no estudo da exposição a formas ativas de carcinogênicos. O
monitoramento feito por esta via permite maior facilidade de se obter
maior quantidade dos adutos, podem servir como indicadoras por vários
meses. Os tetróis correspondentes aos HPA são isolados dos adutos
por hidrólise ácida e purificados por extração em fase sólida
antes da determinação por CLAE-FLUO.
Bibliografia:
Bibliografia:
Pereira Netto, Annibal D., Moreira, Josino C., Dias, Ana Elisa X. O., Arbilla, Graciela, Ferreira, Luiz Filipe V., Oliveira, Anabela S., & Barek, Jiri. (2000). Avaliação da contaminação humana por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e seus derivados nitrados (NHPAs): uma revisão metodológica. Química Nova, 23(6), 765-773. https://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422000000600010
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