"Muitas vezes nos perguntamos quando uma pesquisa traz impacto para a prática e quando gera uma evidência científica? Evidência científica é quando o resultado da pesquisa é fruto de delineamentos elaborados com rigor metodológico que minimiza as chances de "viés/bias", ou seja, um tipo de erro que sistematicamente, distorce os resultados.
A finalidade do consumo da pesquisa clínica de qualidade é fundamental para os profissionais da saúde porque dá alicerce forte para avaliar criticamente a prática em relação aos achados de pesquisa e promover mudanças baseadas em evidências.
O grande desafio desta próxima década é formar e capacitar profissionais da área da saúde com discernimento para entender significância clínica e estatística, com competência quer, para medir o impacto de uma pesquisa clínica e quer para saber se a intervenção proposta traz redução da morbimortalidade e melhoria na qualidade de vida dos pacientes atendidos em serviços de saúde." (BARBOSA, D. Importância da pesquisa clínica para a prática na área de saúde. Acta paul. enferm. vol.23 no.1 São Paulo, 2010).
Tipos de comparações dos estudos clínicos:
Superioridade: é o tipo mais comum de estudo comparativo, no qual demonstrar superioridade de eficácia, em estudo placebo- controlado, ou superioridade a um tratamento controle ativo.
Não inferioridade: demonstrar que a eficácia de um produto em investigação não é pior do que a do tratamento comparativo ativo.
Equivalência: demonstrar que a resposta a dois ou mais tratamentos difere por um valor sem importância clínica.
(clinicamente dentro do intervalo de diferença aceitável)
Grupo Controle de Estudos Clínicos:
“Os participantes dos grupos teste e controle devem ser similares em termos de variáveis que podem influenciar os resultados”
Os tipos de controles podem ser:
- Placebo
- Placebo + tratamento padrão
- não tratamento
- dose ou regime diferente
- tratamento padrão
Tratamento com Placebo - Declaração de Helsinque
“os benefícios, riscos, ônus e eficácia de uma nova intervenção devem ser testados contra aqueles da melhor intervenção comprovada atualmente, exceto nas seguintes circunstâncias: O uso de placebo, ou não tratamento, é aceitável em estudos quando não houver atualmente intervenções comprovadas; ou quando, por razões metodológicas cientificamente válidas e irrefutáveis, o uso de placebo for necessário para definir a eficácia ou segurança de uma intervenção, e se os participantes que receberem placebo ou não tratamento não estiverem sujeitos a risco de danos sérios ou irreversíveis; cuidado extremo deve ser tomado para evitar abuso desta opção;”
Quando utilizado:
- Não exista tratamento eficaz conhecido
- Toxicidade grave da terapia padrão
- Estudo placebo-controlado não estiver associado a danos sérios
- Desfecho dos estudos placebo-controlados :
- Efeito total do tratamento
- Distinção entre eventos adversos causados pelo medicamento e pela doença
Tipos de Desenhos de Estudos Clínicos:
Desenho de grupos paralelos
É o tipo mais comum. Na maioria dos casos, os participantes são randomizados, sendo:
Grupo controle X Grupo estudo
Placebo ou Tratamento padrão
Desenho de grupos cruzados
Desenho pouco utilizado. Os grupos recebem ambos os tratamentos (não há um grupo de comparação separado). Cada participante funciona como seu próprio controle.
- Vantagem: eliminar diferenças entre indivíduos
- Desvantagem: o efeito do primeiro tratamento precisa desaparecer (wash-out)
Desenho de estudo aberto
Desenho menos comum. Os investigadores e os participantes sabem qual tratamento está
sendo administrado. Normalmente são randomizados. Desenho de grupos com tratamentos
Comparação de doses diferentes (efeito e dose)
Desfechos/Endpoints dos Estudos Clínicos
É um indicador medido em um participante para avaliar a segurança, eficácia ou outro objetivo de um estudo clínico.
Indicadores mais comuns:
Eficácia
Segurança
Qualidade de vida
Critérios de escolha dos desfechos:
Ser interpretável e mensurável
Sensível ao objetivo do estudo
Clinicamente relevante
Desfecho de eficácia:
Estimativa da eficácia do produto medicinal em eliminar/reduzir os sintomas ou desfechos da doença em estudo.
Desfechos Clínicos ou Substitutos:
Desfecho clínico: mede diretamente os benefícios clínicos substanciais para os participantes (sobrevida).
Desfecho substituto: é uma medida laboratorial ou sinal físico usado como substituto para um desfecho clinicamente significativo.
- Vantagens do desfecho substituto:
Podem ser medidos mais cedo
São convenientes ou menos invasivos
Podem acelerar o processo de aprovação
Expõe menos participantes do estudo ao risco de reações adversas
- Desvantagens do desfecho substituto:
É essencial ter uma compreensão ampla das vias causais do processo patológico.
Desfecho de segurança:
Monitorar todas as reações ou eventos adversos durante um estudo clínico.
Desfecho da qualidade de vida:
Não é apenas a ausência de doença, incluindo o bem- estar físico, mental e social do participante.
Desfechos primários e secundários:
- Desfecho primário: Representa a variável que fornece a evidência mais relevante relacionada ao objetivo principal do estudo (variável de eficácia).
- Desfechos secundários: São medidas de apoio ao objetivo primário ou medidas de efeitos relacionados a outros objetivos secundários (segurança, farmacoeconomia).
Randomização e Mascaramento
Os resultados de um estudo clínico podem ser enviesados, ou seja, tendenciosos. Em favor de um ou
outro regime de tratamento. As técnicas de desenho mais importantes para evitar vieses são randomização e mascaramento.
Randomização
A randomização dos participantes do estudo reduz o viés de seleção, que é a tendência a incluir participantes específicos em um grupo de tratamento ao invés de outro.
Os participantes têm a mesma chance (50%) de receberem o
tratamento ativo ou o controle.
A randomização é normalmente
Mascaramento
Objetivo: manter os participantes, investigadores ou avaliadores do estudo sem conhecimento sobre a intervenção determinada.
Níveis de mascaramento:
- simples-cego: significa que uma das três categorias de indivíduos desconhece a intervenção alocada ao longo do estudo.
- duplo-cego: os participantes, investigadores e avaliadores desconhecem a intervenção alocada ao longo do estudo.
- triplo-cego: significa que além do estudo é duplo-cego, a análise de dados também é cega.
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