A ciência é a grande responsável pelas transformações tecnológicas que possibilitaram avanços na área da saúde, alimentícia, energética e ambiental, no qual revela-se fundamental para o desenvolvimento sustentável, contribuindo para todos os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Ao responder perguntas importantes, a ciência constrói pontes que culminam na melhora da qualidade de vida das populações e incentiva a educação, desde que haja políticas públicas favoráveis para promover a interação com outros setores, favorecendo disseminação intelectual e cultural.
No campo econômico, a ciência ajuda a criar possibilidades para exportar produtos de alto valor agregado, e não somente ser fornecedor de matéria-prima. E todas as vezes que o Brasil perde um "cérebro" com a migração permanente de pesquisadores, perde-se a oportunidade de ser protagonista. Isso ocorre por falta de verba, salários defasados e não reconhecimento.
O CNPq (Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior) estão ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia para fomentar a pesquisa científica e tecnológica e a formação de recursos humanos para pesquisa no Brasil. As bolsas, que são os salários dos pesquisadores de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado, que não sofrem reajuste desde 2011. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) compilaram dados entre 2020 e 2021 no qual demonstram que a soma dos orçamentos da Capes e do CNPq são menores desde 2009.
Mas qual é o impacto real nas Universidades no novo corte de R$ 1,68 bilhão no orçamento do MEC (Ministério da Educação), sendo que R$ 220 milhões referem-se a universidades públicas e institutos federais de educação?
O impacto implica no funcionamento das universidades, porque com essa verba paga-se contas de água, luz, segurança, limpeza e manutenção, sem contar investimentos em pesquisa, bolsas e auxílios aos graduandos, mestrandos e doutorandos.
A reitora da UFRJ relatou que há meses não conseguem pagar contas básicas, como a de água e luz. Agora quem será comprometido são os trabalhadores terceirizados, no qual o pagamento poderá faltar em pleno Natal. Além disso, aumentará a interrupção de atendimentos nos hospitais. Lembrando que os hospitais universitários são de grande importância na saúde pública. A UFABC já anunciou que não conseguirá nenhum pagamento referente as bolsas e auxílios vigentes e nenhum dos serviços executados no mês de novembro, como limpeza, segurança, fretado, água, luz, entre outros. Outras Universidades estão na mesma situação.
A situação se agrava pelos sucessivos cortes nos últimos anos, na metade de 2022, o governo federal já havia bloqueado R$ 350 milhões destinados a universidades federais que após pressão de representantes foi reduzido para R$ 175 milhões. Em Outubro o corte foi de R$ 328,5 milhões
O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) publicou nota expondo que ao longo dos últimos anos houveram diversas perdas, bloqueios e cortes, e que agora suas contas foram zeradas.
Quando a educação e a ciência serão prioridade? Se mesmo durante uma pandemia, a ciência foi constantemente atacada e houve espaço para vozes destoantes mascaradas de ciência para sustentar posições nada científicas, o que os pesquisadores devem esperar para as suas carreiras?
Talvez muitos ainda não se deram conta que ciência tem tudo a ver com política.
Políticas públicas precisam ser baseadas na ciência para obter-se sucesso. Não importa o que eu gostaria como fosse, o que importa é o que as evidências mostram, pensar nisso permite tomarmos decisões mais assertivas. Por exemplo, um tratamento de uma doença séria precisa ser realizada baseada em roustas evidências ciêntificas, não basta apenas a minha vontade de acreditar que algo não científico funcione, para que o tratamento seja efetivo. Afinal, dinheiro público é coisa séria. Você gostaria que o seu dinheiro fosse gasto com coisas que não funcionam?
Mas como as pessoas saberão reconhecer algo científico se a educação não ensina o método científico para entender como chegamos ao consenso científico? Precisamos que a educação evoluia para atender esse contexto e demanda. Bem como a comunicação do que é feito nas Universidades e Institutos precisam chegar para a população de forma clara e eficiênte.
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